Laços e nós, um recorte de amor no metrô de São Paulo

Uma crônica real para aquecer o coração e desarmar seus pré-julgamentos! Em meio à correria do metrô, uma cena com um casal de idosos, inicialmente interpretada como grosseria, se transforma em uma linda demonstração de amor e cuidado. Um violista, uma canção de Sinatra e um pedido especial revelam a verdadeira melodia de uma relação madura. Você vai se emocionar ao descobrir como a adaptabilidade e a gentileza podem ressignificar uma simples ação, provando que o amor verdadeiro sempre nos surpreende e nos ensina a olhar além das aparências.

O cotidiano do metrô me presenteou com uma cena que, à primeira vista, despertou um julgamento apressado. Um casal de idosos, meio perdidos na entrada do vagão, debatia em voz alta sobre qual lado era o certo. “Direito ou esquerdo?”, o senhor perguntava com uma entonação tão alta que, em meu olhar rápido, soou como pura grosseria. “Que indelicadeza!”, pensei, apressada.

O metrô chegou, e todos embarcamos. A rotina seguia, até que um violista no vagão rompeu o silêncio com uma melodia vibrante: “Die With a Smile”, de Lady Gaga e Bruno Mars. Ao final da canção, aplausos preencheram o espaço, e a magia do momento pareceu despertar algo no senhorzinho.
Ele se levantou e, para surpresa de todos, perguntou ao músico: “Sabe tocar Sinatra?”.
O violista prontamente respondeu: “Sei sim!”. “The Way You Look Tonight?”, insistiu o senhor, com uma pitada de esperança na voz. “Claro!”, confirmou o artista.

Então, veio o pedido mais doce e inesperado: “Aceita pedidos? É a música preferida da minha esposa, mas tem que tocar pertinho dela porque ela já não escuta tão bem.” A gentileza e a paciência do violista foram imediatas. “Com certeza!”, disse ele, e logo se ajeitou perto de onde o casal estava sentado.

O senhor, então, voltou-se para a esposa, e sim, gritando, mas agora um grito carregado de carinho e cuidado: “Ô, benhê! Ele vai tocar aquela que você gosta!”. Ela, também em voz alta, perguntou: “Do Sinatra?”. “Sim!”, ele confirmou, com um sorriso.

Eles deram as mãos. A melodia de Sinatra preencheu o vagão.
Todos aplaudimos, com os olhos marejados, fomos testemunhas do amor.
Quem pôde contribuiu generosamente quando o violista passou o chapéu.

Desci do metrô, ainda com a cena vívida na mente, e ao retomar minha leitura, me deparei com um trecho que parecia a resposta exata para a experiência que acabara de ter:

“O homem é inapreensível. Teoria nenhuma dá conta do humano. Sempre haverá o que nos surpreender no fascinante campo da experiência e das relações, marcadas pelo inusitado.” (Beatriz Cardella, Laços & Nós)

Era isso!
Ele não gritava porque era rude. Gritava com cuidado para ter certeza de que ela o ouvisse.
Se adaptava para amar, e ela recebia seu amor.

Texto: Bárbara Hirle

Bárbara Hirle - Psicóloga Clínica © 2025. Desenvolvido por 🧡 Be Seven

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